O texto a seguir pode parecer história de pescador ou uma piada, mas não é história de pescador e nem piada, o fato é real e faz parte da história das invenções que foram criadas com a intenção de melhorar as comunicações, e está documentado no livro The History of Science and Technology de Bryan Bunch.
Como os mais antigos sabem, um dos processos que esteve em uso durante muito tempo para transmitir mensagens à distância era o teletipo, na época, o chefe todo orgulhoso sempre citava a máquina de teletipo como a grande maravilha da comunicação, o fato é que as comunicações “superavançadas” daquela época funcionavam mais ou menos assim:
Duas máquinas de escrever tinham fios que as interligavam, e assim, o que fosse teclado numa máquina era impresso em outra máquina distante, e assim era a comunicação através do teletipo, poucos anos mais tarde surgia o telex, que funcionava de forma parecida, mas apenas com um par de fios, que eram os fios da linha de telefonia fixa, e da mesma forma, o que era digitado no outro lado do planeta, chegava e era impresso.
Ainda na época do teletipo, foi criada uma variação que além de ser mais rápida era também mais eficiente, o processo usava uma fita codificada por furos que eram feitos numa tira de papel à medida que passava na máquina receptora, o conteúdo ficava gravado na tira de papel, e codificado na forma de furos que eram feitos no papel, e então, o conteúdo da mensagem podia ser impresso quantas vezes fosse desejado, e caso fosse necessário, enviar a mesma mensagem para outros, um processo bem parecido ao de encaminhar um e-mail, por exemplo.
Você que é usuário de internet, certamente que já ouviu falar de modem veloz, banda larga, telefone celular e acesso 3G, mas é provável que nunca ouviu falar em teletipo, em telex e em outros tipos de comunicação que desapareceram, e nesse caso, além de nunca ter escutado falar numa máquina dessas, o que dirá, ter visto uma delas funcionando.
Iniciei o texto contando o funcionamento, mas tudo começou quando Francisco Salva da Academia de Ciências de Barcelona inventou o primeiro aparelho capaz de enviar mensagens à distância.
Salva instalou 44 fios entre Madri e Aranjuez numa distância de 50 km, o que dava dois conjuntos de 22 fios, cada fio correspondia a uma das letras do alfabeto (na época o alfabeto tinha 22 letras).
A transmissão era feita com a eletricidade gerada a partir de uma máquina eletrostática, para indicar a letra encostava-se o fio da máquina eletrostática nos fios que correspondiam às letras da mensagem em seqüência e a transmissão era feita.
O problema é que naquela época não existiam circuitos (pequenos) que acionassem lâmpadas ou outros dispositivos que podiam receber e informar visualmente ou através de movimentos o sinal enviado pelo fio correspondente.
Então, o inventor com toda sua inteligência resolveu usar sensores que falassem ,e os sensores eram seres humanos.
E assim, Francisco Salva colocou no seu receptor 22 pessoas, e cada uma das pessoas correspondia a uma letra, e segurava a ponta do fio que correspondia a letra.
Quando o transmissor tocava no fio de um lado, a pessoa do outro lado levava um “choque” e gritava a letra correspondente, agora imagine a cena e ria sozinho, sinta-se sendo gozado pelos colegas, mas é a pura verdade.
Dessa forma, com os gritos das pessoas do outro lado, era possível anotar a mensagem inteira.
Agora pense em quem você escalaria para segurar num fio que corresponda a uma letra bem freqüente, como a letra A, a letra R (duplo), ou S (duplo), imagine a palavra “macabra” onde apenas um dos “sensores” levaria três choques.
Nas experiências ficou claro que tinha coisa mais eficiente e com menos sofrimento que poderia servir de sensor, tanto é que sem muita demora Salva descobriu que poderia usar faíscas para detectar o fio acionado.
É cômico, mas é fato verdadeiro e faz parte da história, mas também deixa a pensar no que os inventores de todos os tempos não pensaram ou fizeram para o desenvolvimento das invenções que hoje utilizamos, e não sabemos “quantas vitimas” testaram as mais diversas formas de testes.