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Quem Rouba Mais?

Gato de luz é um tema bem polêmico, mas para responder aos e-mails recebidos, volto a escrever sobre gato de luz, ou seja roubo de energia elétrica.

Bastou eu postar um vídeo cujo objetivo era informar que não vale a pena fazer gato no relógio da luz, ou melhor, não vale a pena roubar energia elétrica, e para isso, de forma genérica, foi citado como funciona o medidor de consumo de energia elétrica, popularmente conhecido como relógio da luz.

Então apareceram os defensores do roubo com a desculpa que se políticos podem roubar, todos também podem roubar, e ditados como quem rouba de ladrão tem cem anos de perdão e coisas relacionadas.

Também apareceram os defensores da ideia que não se deve roubar, mesmo porque, se alguém rouba energia elétrica, a concessionária não perde nada, na prática, o que é roubado é pago por quem não rouba.

Na verdade, esse vídeo não tem a intenção descrita no vídeo, mas estamos numa época em que se anuncia algo para vender, o preço e meio de contato e imediatamente alguém pergunta como faz para comprar, onde tem e quanto custa, ainda não descobri se é burrice ou falta de atenção.

O interessante do vídeo é que ele revela a mentalidade de boa parcela da população, e principalmente, o quanto as pessoas são desinformadas.

A constatação é muito triste e preocupante, mas está claro que o brasileiro precisa de muita noção de direito e de cidadania, não só de , precisa praticar a cidadania.

Quem rouba energia elétrica faz com que quem paga corretamente sua conta pague pelo que foi roubado também, é certo que a concessionária não perde nada.

Para quem não sabe, na fatura de consumo de energia elétrica, de 17 a 21% do valor total, são perdas e desvios.

Eu não posso mudar o caráter de ninguém, pois quem faz gato vai continuar fazendo até ser pego,e talvez, até depois de ser pego, e quem não faz gato vai pagar pelo que é desviado, quer queira, quer não queira.

Sei que é um tema complexo, mas senti uma curiosidade enorme para saber quem é que faz mais gato de energia elétrica, se é o rico ou é o pobre, então fiz minha pesquisa particular, sem expor ninguém.

E com base em detalhes simples, pois basta analisar a quantidade de equipamentos que existem em uma casa.

Uma geladeira com freezer gasta em torno de 55 KW por mês, uma TV de 40 polegadas gasta em torno de 20 KW por mês, um chuveiro de 5000 watts ligado uma hora por dia consome 75 KW por mês, assim, basta somar 55+20+75=150.

Portanto, são 150 KW que são consumidos pelo chuveiro, pela TV e pela geladeira, e se no medidor marcar número diferente do que foi consumido no período, é porque tem gato de luz.

Como é fácil de perceber, qualquer pessoa num papo informal descobre se existe a possibilidade de ter ou não ter desvio de energia elétrica, ou até numa simples vistoria visual, comparando os equipamentos existentes com o valor da conta de energia elétrica.

É fácil saber se existe ou não desvio de energia elétrica, o difícil é saber exatamente onde está a prova da fraude, é por isso que as concessionárias só dão o flagrante na certeza absoluta, mas pobre é fácil de pegar em flagrante.

Existe o tipo de pobre faz uma gambiarra qualquer, descasca uma parte do fio fase e engata ali um gancho feito com outro pedaço de fio, não coloca nem um disjuntor de proteção.

É mais ou menos isso que a gente vê.

gato_fio_gancho

Não passa nem uma fita isolante e faz questão de espalhar para metade do bairro que ele está desviando energia elétrica, e ignora que está colocando em risco sua casa e sua família.

Outro tipo de pobre é aquele que se orgulha de ter adulterado o lacre do medidor de consumo e  acessado a parte interna do medidor, seja para apertar um parafuso, trocar a posição dos fios para o medidor girar ao contrário, ou fazer uma ponte em paralelo com o medidor de consumo.

Da mesma forma que o pobre que descascou uma parte do fio fase da rede, esse também tem orgulho de ter violado o lacre do relógio e de ter feito modificações que vão levá-lo a fazer economia na conta de energia elétrica.

Pobres coitados, quando menos esperarem, vão pagar até pelo que não consumiram, pois as contas das concessionárias levam em conta até o tempo em que um aparelho foi adquirido.

O rico só suja a mão ao passar no bolso, pois ele contrata um eletricista que faz esse tipo de serviço, que instala um disjuntor de segurança, e coloca um sistema eletrônico que desliga o “gato” se a energia elétrica for interrompida na caixa do medidor.

E nos equipamentos mais sofisticados, o “gato” de energia elétrica só funciona à noite, tornando o flagrante de desvio muito mais difícil, é um circuito um circuito complexo com as características específicas, a imagem abaixo mostra os estágios de um sistema desses.

gato_estagios

Sem um bom sistema, durante o dia, um funcionário da concessionária com uma ordem judicial pode desligar o disjuntor do medidor de consumo, e outro funcionário no alto do poste usar um amperímetro para detectar se alguma corrente circula pelos fios mesmo com o disjuntor desligado, se circular corrente, é a prova que existe “gato” de energia elétrica.

Mas ninguém vai escutar nada e nem ler nenhum comentário de rico que desvia ou que apoia o desvio de energia elétrica, pobre é que é gabola, se ficasse quieto talvez levasse mais tempo para ser descoberto.

Desviar ou fazer gato, o enquadramento é em furto de energia elétrica, mas para a lei, existem diferenças entre gato e violação de lacre.

O “gato de energia elétrica” é furto de energia elétrica, e consiste em puxar energia diretamente da rede elétrica sem que a energia elétrica passe pela medição do consumo.

Fazer um gato de energia elétrica é diferente de fraudar a caixa do medidor de consumo com a finalidade de manipular a quantidade real do consumo de quilowatts com o objetivo de reduzir o valor da conta.

Não importa a modalidade, roubar energia elétrica ou fraudar o medidor são crimes previstos no Código Penal: fraude no artigo 171 e furto no artigo 155.

A pena para esses crimes é de um a quatro anos de prisão, e se tem alguém que comete esses crimes e ainda não “caiu”, saiba que o “rato tanto vai ao moinho que um dia deixa o focinho”.

Também são cobrados os valores de consumo retroativos referente ao período fraudado e com multa.

Quando a fraude ou o furto são descobertos, o responsável pode ter o seu fornecimento de energia suspenso, e vai responder judicialmente pelo crime cometido.

Se um pobre for condenado, ele paga os valores e a pena, pede dinheiro emprestado, faz vaquinha, enfim, se mexe.

Um rico contrata um bom advogado, e a culpa acaba sendo de outra pessoa, que talvez nunca será encontrada.

Existem monitores nas centrais verificando a média de consumo por rua e/ou por área, além disso, os relógios digitais são uma ferramenta que acende um alerta no painel da central e/ou no próprio medidor, indicando violação ou funcionamento anormal.

Cabe a cada um decidir o que é melhor para si próprio.

Opinião é opinião, mesmo que não concorde, é preciso respeitar a opinião dos outros.

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